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Intervenções nutricionais ideais para melhorar a motivação

Intervenções nutricionais ideais para melhorar a motivação

Manter-se motivado é fundamental para obter bons desempenhos, seja nos estudos ou em atividades relacionadas à carreira profissional.

No entanto, tornar-se e permanecer motivado é muitas vezes o passo mais difícil. Déficits motivacionais, como apatia e anedonia, são prevalentes em muitas patologias cerebrais [2].

Neste sentido, desvendar os mecanismos neurobiológicos e metabólicos envolvidos na motivação, pode ajudar a desenvolver novas intervenções para aumentar o desempenho motivado.

Motivação e nucleo accumbens

Funções como recompensa, reforço, aversão, e motivação são desempenhadas por uma área no cérebro, chamada núcleo accumbens. A atividade deste núcleo está relacionada à avaliação de custo-benefício baseada em esforço, atuando como a força motivadora [3].

Estudos em humanos mostraram que os níveis de moléculas antioxidantes no núcleo accumbens podem afetar a motivação [4].

Nesta direção, os antioxidantes ganharam enorme atenção da comunidade de pesquisa biomédica, sendo esses compostos capazes de neutralizar o estresse oxidativo, tornando-se úteis na prevenção, gestão ou tratamento de distúrbios motivacionais.

Glutationa e motivação

Estudos já demonstraram que o antioxidante mais importante do cérebro, a glutationa (GSH), está relacionado com a motivação. Este composto melhora a função antioxidante do núcleo accumbens, podendo ser uma abordagem viável para aumentar a motivação [4].

A glutationa é um tripeptídeo (glutamato-cisteína-glicina) essencial para várias funções celulares e é encontrada intracelularmente em altas concentrações, essencialmente em todos os organismos aeróbicos [5].

Dada a alta suscetibilidade do cérebro ao estresse oxidativo, os neurônios requerem altos níveis de GSH para neutralizar o estresse oxidativo e manter a integridade das células [6,7].

Os níveis de glutamina no cérebro estão relacionados à capacidade de exercer esforço incentivado

Trabalhos recentes em humanos mostraram que níveis aumentados de glutamina (precursor direto da GSH), principalmente no núcleo accumbens, estão relacionados a um maior desempenho na realização de tarefas baseadas em esforço físico, e isso, em parte, tem relação com aspectos ligados à motivação [4,8].

Inclusive, esses resultados são apoiados por evidências científicas que mostram níveis alterados de GSH no cérebro de pacientes com distúrbios associados às deficiências motivacionais [9]. 

Recentemente, evidências crescentes obtidas a partir de cultura de células e estudos em animais mostraram que alguns dos aminoácidos não essenciais tradicionalmente classificados (por exemplo, glicina, glutamina, cisteína, taurina e prolina) são importantes reguladores de vias metabólicas que desempenham, entre outros papéis, a regulação da defesa oxidativa. 

A N-acetilcisteína (NAC) tem sido usada como medicamento desde a década de 1960 e faz parte da Lista Modelo de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS) como antídoto em envenenamentos.

Além disso, vários estudos já demonstraram que a NAC regula processos biológicos cruciais, incluindo modulação de vias neurotrópicas e inflamatórias, assim como, a inibição do estresse oxidativo [10,11]. Como muitos antioxidantes, a NAC tem tido muito sucesso nos mercados farmacêuticos, de suplementos dietéticos e nutracêuticos.

Já a glutamina é um aminoácido multifuncional, sendo a precursora do neurotransmissor cerebral glutamato e utilizado na síntese do antioxidante glutationa. Neste sentido, a glutamina é essencial para o equilíbrio oxidativo intracelular.

Como suplemento nutricional, a glutamina tem sido usada principalmente para prevenção do estresse oxidativo e vários estudos já demonstraram que a terapia antioxidante com glutamina diminui o dano oxidativo em pacientes graves, que sofreram politraumatismo ou submetidos a grandes cirurgias [12].

O efeito da suplementação oral de glutamina nas tarefas de motivação

Em um artigo publicado na revista J Occup Environ Med., os autores avaliaram os efeitos da suplementação oral de glutamina sobre inflamação e fadiga durante e após tarefas de combate a incêndios florestais simulados (WLFF) [13].

Neste estudo, os participantes ingeriram um suplemento de glutamina ou um placebo antes e após a simulação de combate a incêndios florestais, em uma câmara ambiental (38 C, 35% de umidade relativa).

A glutamina foi suplementada a 0,30 g/kg/d em duas doses (0,15 g/kg tomadas pré e pós-exercício). A fadiga subjetiva, marcadores de inflamação e estresse celular foram medidos pré, pós e 4 horas pós-exercício.

Como resultados, os autores observaram que os danos gastrointestinais, fadiga subjetiva e classificações de esforço percebido foram menores após a suplementação de glutamina em comparação com placebo [13].

Os níveis plasmáticos de glutamina foram maiores nos pontos de tempo pré-exercício em nos dias do teste no grupo que recebeu a glutamina em comparação com o placebo. No estudo, nenhuma resposta adversa foi observada ou relatada entre os participantes.

É importante destacar que mais estudos ainda estão em andamento para fortalecer esta relação de substâncias nutracêuticas e motivação. Estas evidências fortalecem ainda mais o importante papel destes micronutrientes e da nutrição em geral.

A N-acetilcisteína, por exemplo, pode ser obtida em alimentos ricos em proteínas, como carne, frango, peixe ou frutos-do-mar. Outras fontes com menor teor são ovos, alimentos integrais, como pães e cereais, e alguns vegetais, como brócolis, cebola e legumes.

A suplementação destes nutrientes também deve ser considerada como alternativa terapêutica. No entanto, para sua utilização devem-se seguir as orientações e recomendações médicas.

Nós do Centro Paulista Laboratório estamos à disposição de nutricionistas e médicos, podendo colaborar dentro de nossa especialidade e ofertando aos pacientes excelentes produtos e serviços.

Referências:

[1] Duckworth, A.L. (2016). Grit: The power of passion and perseverance. New York, NY: Simon and Schuster. 

[2] Pessiglione M, Vinckier F, Bouret S, Daunizeau J, Le Bouc R. Why not try harder? Computational approach to motivation deficits in neuro-psychiatric diseases. Brain. 2018 Mar 1;141(3):629-650. doi: 10.1093/brain/awx278. PMID: 29194534. 

[3] Walton ME, Groves J, Jennings KA, Croxson PL, Sharp T, Rushworth MF, Bannerman DM. Comparing the role of the anterior cingulate cortex and 6-hydroxydopamine nucleus accumbens lesions on operant effort-based decision making. Eur J Neurosci. 2009 Apr;29(8):1678-91. doi: 10.1111/j.1460-9568.2009.06726. x. PMID: 19385990; PMCID: PMC2954046. 

[4] Zalachoras I, Ramos-Fernández E, Hollis F, Trovo L, Rodrigues J, Strasser A, Zanoletti O, Steiner P, Preitner N, Xin L, Astori S, Sandi C. Glutathione in the nucleus accumbens regulates motivation to exert reward-incentivized effort. Elife. 2022 Nov 8;11: e77791. doi: 10.7554/eLife.77791. PMID: 36345724; PMCID: PMC9642999. 

[5] Joseph, P. D.; Mannervik, B.; Ortiz de Montellano, P.; Molecular Toxicology, 1st ed., Oxford University Press: New York, 1997, p.152-186. 

[6] Rae CD, Williams SR. Glutathione in the human brain: Review of its roles and measurement by magnetic resonance spectroscopy. Anal Biochem. 2017 Jul 15; 529:127-143. doi: 10.1016/j.ab.2016.12.022. Epub 2016 Dec 26. PMID: 28034792. 

[7] Zalachoras I, Hollis F, Ramos-Fernández E, Trovo L, Sonnay S, Geiser E, Preitner N, Steiner P, Sandi C, Morató L. Therapeutic potential of glutathione-enhancers in stress-related psychopathologies. Neurosci Biobehav Rev. 2020 Jul; 114:134-155. doi: 10.1016/j.neubiorev.2020.03.015. Epub 2020 May 18. PMID: 32438253. 

[8] Strasser A, Luksys G, Xin L, Pessiglione M, Gruetter R, Sandi C. Glutamine-to-glutamate ratio in the nucleus accumbens predicts effort-based motivated performance in humans. Neuropsychopharmacology. 2020 Nov;45(12):2048-2057. doi: 10.1038/s41386-020-0760-6. Epub 2020 Jul 20. PMID: 32688366; PMCID: PMC7547698. 

[9] Lapidus KA, Gabbay V, Mao X, Johnson A, Murrough JW, Mathew SJ, Shungu DC. In vivo (1)H MRS study of potential associations between glutathione, oxidative stress and anhedonia in major depressive disorder. Neurosci Lett. 2014 May 21; 569:74-9. doi: 10.1016/j.neulet.2014.03.056. Epub 2014 Apr 2. PMID: 24704328; PMCID: PMC4108847. 

[10] Alam S, Liu Q, Liu S, Liu Y, Zhang Y, Yang X, Liu G, Fan K, Ma J. Up-regulated cathepsin C induces macrophage M1 polarization through FAK-triggered p38 MAPK/NF-κB pathway. Exp Cell Res. 2019 Sep 15;382(2):111472. doi: 10.1016/j.yexcr.2019.06.017. Epub 2019 Jun 21. PMID: 31229505. 

[11] Boz Z, Hu M, Yu Y, Huang XF. N-acetylcysteine prevents olanzapine-induced oxidative stress in mHypoA-59 hypothalamic neurons. Sci Rep. 2020 Nov 5;10(1):19185. doi: 10.1038/s41598-020-75356-3. PMID: 33154380; PMCID: PMC7644715. 

[12] Nathens AB, Neff MJ, Jurkovich GJ, Klotz P, Farver K, Ruzinski JT, Radella F, Garcia I, Maier RV. Randomized, prospective trial of antioxidant supplementation in critically ill surgical patients. Ann Surg. 2002 Dec;236(6):814-22. doi: 10.1097/00000658-200212000-00014. PMID: 12454520; PMCID: PMC1422648. 

[13] Nava RC, Zuhl MN, Moriarty TA, Amorim FT, Bourbeau KC, Welch AM, McCormick JJ, King KE, Mermier CM. The Effect of Acute Glutamine Supplementation on Markers of Inflammation and Fatigue During Consecutive Days of Simulated Wildland Firefighting. J Occup Environ Med. 2019 Feb;61(2): e33-e42. doi: 10.1097/JOM.0000000000001507. PMID: 30489352.