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Os fitoterápicos podem ajudar no tratamento da hiperplasia prostática benigna?

Os fitoterápicos podem ajudar no tratamento da hiperplasia prostática benigna?

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma das doenças urinárias mais comuns em homens idosos, e atinge 14 milhões de brasileiros, conforme a Sociedade Brasileira de Urologia.

Um dos fatores de risco mais importantes para a ocorrência da patologia da HPB é a idade, com um aumento da sua prevalência com o passar dos anos. Outros fatores de risco específicos são o volume da próstata, sintomas do trato urinário inferior, e antígeno sérico específico da próstata (PSA) [1].

Sintomas do trato urinário inferior decorrentes da hiperplasia prostática benigna

Um total de 30% dos homens com mais de 65 anos pode ser afetado pelos sintomas da HPB [2]. Os sintomas mais preditivos são miccionais (por exemplo, fluxo fraco, hesitação, esforço, retenção), e sintomas de armazenamento (por exemplo, frequência, urgência, noctúria) [3], que podem levar a uma deterioração significativa na qualidade de vida. 

A patogênese da hiperplasia prostática benigna é provavelmente multifatorial

A origem da HPB não é exatamente conhecida, mas três teorias já foram propostas para explicá-la:

(1) As células da próstata podem converter aproximadamente 90% da testosterona em diidrotestosterona (DHT) pela 5-redutase. A DHT tem maior afinidade aos receptores androgênicos, e parece estimular a síntese proteica, diferenciação e crescimento de células da próstata [4].

(2) A segunda teoria sobre o desenvolvimento da HPB é baseada nas células da próstata, independentes de andrógenos, e que podem se renovar em pacientes com condições de deficiência de andrógenos [5].

(3) A terceira baseia-se nas interações entre estroma e epitélio. Ambos podem converter testosterona em DHT. Este processo permite a produção de vários fatores de crescimento, levando a proliferação de células estromais e epiteliais na zona de transição da próstata, e ao aumento da glândula prostática.

A hiperplasia prostática benigna e inflamação

Nas últimas décadas, existe um interesse crescente pela hipótese de que a HPB é uma doença inflamatória imuno mediada, com um estado inflamatório prostático persistente como um fator-chave ao longo do desenvolvimento e progressão da HPB [6].

Uma reação inflamatória no tecido prostático pode ser desencadeada por vários fatores, incluindo infecções bacterianas, vírus, fatores dietéticos, refluxo urinário, bem como uma resposta autoimune [7, 8].

As células inflamatórias infiltrantes (70-80% de linfócitos T, 10-15% de linfócitos B e 15% de macrófagos) tornam-se ativadas e liberam citocinas pró-inflamatórias, que, aumentam a expressão de vários fatores de crescimento (por exemplo, interleucina (IL)-17, IL-15, IL-8, interferon-γ, fator de crescimento de fibroblastos [FGF] e FGF-2), resultando em proliferação anormal das células epiteliais e estromais.

O subsequente aumento da demanda de oxigênio dessas células leva à hipóxia local produzindo baixos níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS) promovendo a angiogênese e a produção de fatores de crescimento adicionais (ou seja, fator de crescimento endotelial vascular, IL-8, FGF-2, FGF-7 e fator de crescimento transformador ß) [9].

Como tal, a inflamação prostática crônica é uma observação histológica e, independentemente do mecanismo que desencadeia a resposta inflamatória descontrolada, o resultado desse processo induz dano tecidual com subsequente cicatrização anormal da ferida e proliferação de células estromais e epiteliais, portanto, HPB.

Vários autores utilizam o escore histológico para classificar a inflamação prostática [10]. Essa pontuação classifica a inflamação prostática com base na histologia para a extensão das células inflamatórias, sendo grau 0, sem células inflamatórias, até grau 3, com grandes áreas inflamatórias.

Para o efeito da agressividade dessas células no tecido prostático, os valores variam de grau 0, sem contato entre células inflamatórias e epitélio glandular, até grau 3, com > 25% de ruptura glandular [10].

A fitoterapia é amplamente utilizada para o tratamento dos sintomas da hiperplasia prostática benigna

Diversos fitoterápicos já foram estudados e mostraram-se bem tolerados, e apresentaram efeitos benéficos no tratamento dos sintomas da HPB, e na prevenção do câncer de próstata.

Solanum lycopersicum L.

Solanum lycopersicum L. ou tomateiro, pertence à família Solanaceae. É nativo dos Andes da América do Sul, e os seus frutos são compostos, entre outros nutrientes e fito químicos, por terpenos (por exemplo, β-caroteno, α-caroteno e licopeno, conhecidos coletivamente como carotenoides) [11]. 

O licopeno exerce efeito anti-inflamatório capaz de inibir a progressão do câncer de próstata

O licopeno tem sido amplamente estudado em relação às disfunções da próstata, incluindo HPB e câncer de próstata, e também demonstrou possuir atividades anti-inflamatórias [12].

Em ensaios pré-clínicos, o licopeno aliviou a prostatite crônica/síndrome da dor pélvica crônica em um modelo animal, presumivelmente devido às suas propriedades anti-inflamatórias, ocasionando uma regulação negativa de citocinas, fator de necrose tumoral-α, interleucina-1β, interleucina-2 e interleucina-6 [13].

O licopeno pode ser benéfico na prevenção do câncer de próstata

Pacientes com HPB têm maior risco de desenvolver câncer de próstata, e estudos clínicos já abordaram o uso do tomate ou produtos derivados na hiperplasia prostática benigna.

Em um estudo clínico recente de fase II, o suplemento alimentar à base de tomate melhorou os problemas do trato urinário inferior em pacientes com HPB. Esses pacientes que receberam 5 g do suplemento diariamente por 2 meses não relataram efeitos adversos, e apresentaram uma melhora estatisticamente significativa da qualidade de vida [14].

Neste mesmo estudo, ao nível molecular, foi observada uma redução no PSA, mas só foi significativa em pacientes que tinham concentrações basais de PSA mais altas (acima de 10 ng/mL) [14].

Apesar do uso de suplementos à base de tomate ou licopeno ter se mostrado  eficiente em aliviar os sintomas da HPB em vários estudos clínicos, efeitos adversos são possíveis, e desta maneira, mais pesquisas são necessárias para determinar o regime de dosagem seguro e eficiente do tomate e produtos derivados na HPB.

Urtica dioica L.

Urtica dioica L. (família Urticaceae), é conhecida pelo nome comun de urtiga e é nativa da Eurásia.

O extrato da raiz tem sido usado tradicionalmente para o tratamento da HPB sintomática. As partes frescas e secas das flores também são tradicionalmente usadas para infecções do trato urinário.

As raízes da urtiga contêm uma mistura de compostos solúveis em água, incluindo lectinas (mistura de isolectinas de 0,2 a 0,6%), fenólicos (p-hidroxi benzaldeído, lignanas) e esteróis

O extrato de urtiga inibe a atividade do TNF, enquanto as lectinas, ácido málico e ácido cafeico apresentam atividades antiproliferativas e anti-inflamatórias prostáticas, devido à inibição da COX [15]. 

Ensaios clínicos sugerem benefícios do extrato de urtiga para homens com formas mais leves de hiperplasia prostática benigna

Num artigo publicado na revista Prog. Biophys. Mol Biol., os autores realizaram um estudo multicêntrico de longo prazo, analisando um total de 4.480 pacientes que receberam extrato de urtiga por 224 dias em média, em doses de 600 mg duas vezes ao dia por 3 meses, e depois 600 mg diariamente durante o tempo restante [16].

O extrato melhorou os sintomas urinários associados à HPB em 78% dos pacientes após 3 meses e em 91% dos pacientes após 6 meses. A frequência urinária diurna e noturna melhorou significativamente, bem como a produção média de urina [16].

As reações adversas podem incluir distúrbios gastrointestinais leves. Edema e urticária relacionados a reações alérgicas induzidas pela planta foram raramente relatados.

Em suma, o tratamento da HPB é um processo complexo devido às suas origens multifatoriais. Os protocolos desta doença incluem tratamento médico clássico, estilo de vida e modificações comportamentais e fitoterapia. Em casos leves ou moderados, os fitoterápicos mostraram-se bem tolerados e apresentaram efeitos capazes de diminuir a inflamação, um fator-chave ao longo do desenvolvimento e progressão da hiperplasia prostática benigna.

A equipe do Centro Paulista possui vasta experiência na manipulação de medicamentos destinados aos cuidados com a saúde do homem, e atendimento de protocolos das clínicas médicas especializadas em saúde masculina.

Referências:

[1] Madersbachera, S.; Alivizatosb, G.; Nordling, J.; Nordling, J.; Sanz, C.R.; Emberton, M.; Rosette, J. EAU 2004 Guidelines on Assessment, Therapy and Follow-Up of Men with Lower Urinary Tract Symptoms Suggestive of Benign Prostatic Obstruction (BPH Guidelines). Eur. Urol. 2004, 46, 547–554. 

[2] De la Rosettea, J.J.M.C.H.; Alivizatosb, G.; Madersbacher, S. EAU Guidelines on Benign Prostatic Hyperplasia (BPH). Eur. Urol. 2001, 40, 256–263. 

[3] Allkanjari, O.; Vitalone, A. What do we know about phytotherapy of benign prostatic hyperplasia? Life Sci. 2015, 126, 42–56. 

[4] Anderson, J.B.; Roehrborn, C.G.; Schalken, J.A.; Emberton, M. The progression of benign prostatic hyperplasia: Examining the evidence and determining the risk. Eur. Urol. 2001, 39, 390 399. 

[5] Isaacs, J.T. Etiology of benign prostatic hyperplasia. Eur. Urol. 1994, 25, 6–9. 

[6] Gravas S, Cornu JN, Gacci M, Gratzke C, Herrmann TRW, Mamoulakis C, Rieken M, Speakman MJ, Tikkinen KAO (2019) Management of non-neurogenic male LUTS. EAU guidelines 2019. 

[7] De Nunzio C, Presicce F, Tubaro A. Inflammatory mediators in the development and progression of benign prostatic hyperplasia. Nat Rev Urol. 2016; 13:613–626. doi: 10.1038/nrurol.2016.168. 

[8] De Nunzio C, Salonia A, Gacci M, Ficarra V. Inflammation is a target of medical treatment for lower urinary tract symptoms associated with benign prostatic hyperplasia. World J Urol. 2020 Nov;38(11):2771-2779. doi: 10.1007/s00345-020-03106-1. Epub 2020 Feb 14. Erratum in: World J Urol. 2020 Jun 10; PMID: 32060633; PMCID: PMC7644532. 

[9] De Nunzio C, Kramer G, Marberger M, Montironi R, Nelson W, Schröder F, Sciarra A, Tubaro A. The controversial relationship between benign prostatic hyperplasia and prostate cancer: the role of inflammation. Eur Urol. 2011; 60:106–117. doi: 10.1016/j.eururo.2011.03.055. 

[10] Irani J, Levillain P, Goujon JM, Bon D, Dore B, Aubert J. Inflammation in benign prostatic hyperplasia: correlation with prostate specific antigen value. J Urol. 1997; 157:1301–1303. doi: 10.1016/S0022-5347(01)64957-7. 

[11]. FoodData Central. Available online: https://fdc.nal.usda.gov/fdc-app.html#/food-details/170457/nutrients. 

[12]. Salehi, B.; Sharifi-Rad, R.; Sharopov, F.; Namiesnik, J.; Roointan, A.; Kamle, M.; Kumar, P.; Martins, N.; Sharifi-Rad, J. Beneficial effects and potential risks of tomato consumption for human health: An overview. Nutrition 2019, 62, 201–208. 

[13]. Zhao, Q.; Yang, F.; Meng, L.; Chen, D.; Wang, M.; Lu, X.; Chen, D.; Jiang, Y.; Xing, N. Lycopene attenuates chronic prostatitis/chronic pelvic pain syndrome by inhibiting oxidative stress and inflammation via the interaction of NF-κB, MAPKs, and Nrf2 signaling pathways in rats. Andrology 2020, 8, 747–755. 

[14]. Cormio, L.; Calò, B.; Falagario, U.; Iezzi, M.; Lamolinara, A.; Vitaglione, P.; Silecchia, G.; Carrieri, G.; Fogliano, V.; Iacobelli, S.; et al. Improvement of urinary tract symptoms and quality of life in benign prostate hyperplasia patients associated with consumption of a newly developed whole tomato-based food supplement: A phase II prospective, randomized double-blinded, placebo-controlled st. J. Transl. Med. 2021, 19, 24. 

[15] PDR for Herbal Medicines, 3rd. ed.; Thomson PDR: Montvale, NJ, USA, 2004. 

[16]. Dhouibi, R.; Affes, H.; Ben Salem, M.; Hammami, S.; Sahnoun, Z.; Zeghal, K.M.; Ksouda, K. Screening of pharmacological uses of urtica dioica and others benefits. Prog. Biophys. Mol Biol. 2020, 150, 67–77 

Link: tratamento da HPB é um processo complexo: https://www.cpdf.com.br/especialidade/urologia/