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Ativos e Manipulações

Efeitos do extrato do Ginkgo biloba no sistema imunológico de pacientes com Doença de Alzheimer

Efeitos do extrato do Ginkgo biloba no sistema imunológico de pacientes com Doença de Alzheimer

A imunidade e a inflamação crônica desempenham um papel fundamental na sobrevivência dos idosos e, conforme os conhecimentos mais recentes, também representam uma das principais características da patologia da doença de Alzheimer (DA).

A doença de Alzheimer e desregulação do sistema imunológico

A DA é um dos problemas de saúde relacionado à idade mais importantes em todo o mundo, e acredita-se que o início e a progressão da doença podem depender, pelo menos em parte, do funcionamento ideal do sistema imunológico. Estudos clínicos já destacaram várias alterações patológicas na resposta imune central e periférica na DA [1].

Esse fenômeno – desregulação do sistema imunológico – não se limita a um mecanismo, mas diz respeito ao envelhecimento das células imunes inatas e adaptativas, alterações nos mediadores inflamatórios circulantes e alterações nos tecidos linfoides e não linfoides [1].

Como atualmente não há medicamentos eficazes disponíveis para o tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer, a busca por compostos naturais com atividade imunorreguladora parece ser uma boa opção para a terapia adjuvante da DA.

Ginkgo biloba e fitomedicina do envelhecimento

Atualmente, a fitomedicina está ganhando popularidade, e muitos fitoterápicos derivados de plantas com propriedades medicinais são utilizados no tratamento de várias doenças, incluindo doenças relacionadas à idade.

A fitomedicina do envelhecimento fornece uma ampla gama de compostos bioativos, como flavonóides, terpenóides ou polifenóis com efeitos terapêuticos.

Uma das plantas medicinais mais populares é o Ginkgo biloba. O extrato padronizado de G. biloba (EGb) contém 24% de glicosídeos flavonóides de ginkgo, 6% de lactonas terpeno e até 5 ppm de ácidos ginkgólicos [2].

Estudos farmacológicos modernos mostraram que os extratos brutos ou compostos de folhas, sementes e exocarpo de G. biloba podem ser usados ​​no tratamento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, na doença de Alzheimer e outras doenças [2].

Atualmente, muitas preparações de EGb (extrato padronizado de ginkgo biloba) estão disponíveis, com diferentes composições, resultando em várias características terapêuticas. Além disso, uma vantagem dos medicamentos fitoterápicos é que eles têm efeitos colaterais muito baixos em comparação com os medicamentos químicos.

Efeitos do extrato do Ginkgo biloba no funcionamento do sistema imunológico

Como a doença de Alzheimer é considerada uma doença sistêmica com evidências de alterações no funcionamento do sistema imunológico, num recente estudo publicado na revista Nutrients, os autores investigaram os efeitos do EGb nos mecanismos da resposta imune inata de leucócitos do sangue periférico (LSPs) de portadores da DA [3].

Os autores utilizaram o sangue venoso periférico de 39 indivíduos: 22 pacientes com DA (15 mulheres, 7 homens) e 17 voluntários adultos saudáveis ​​(10 mulheres, 7 homens) de idade apropriada (43-90 anos) [3].

Os pacientes não receberam nenhum droga anti-demência e/ou outras drogas antes da punção venosa, bem como quaisquer outros imunomoduladores. Entre os pacientes, nenhuma doença infecciosa ocorreu no período de 3 meses antes da inclusão no estudo.

EGb melhora a resposta imune inata produzida pelos leucócitos

Neste estudo, o nível de imunidade inata dos pacientes com DA e controles saudáveis ​​pareados por idade foi estimado com base no teste com replicação do vírus da estomatite vesicular (VSV) e os níveis de LSPs  frescos isolados ex vivo [3]. Este teste foi utilizado em trabalhos anteriores dos autores, os quais estabeleceram que o nível de imunidade inata, medido com o teste, estava notavelmente correlacionado com o avanço clínico da DA.

Os títulos da replicação do VSV foram examinados após tratamento com EGb (150 µg/mL) nos sobrenadantes coletados. O título mais alto de VSV significa um nível mais baixo de imunidade inata, e pacientes mais graves com DA foram caracterizados com um nível mais baixo de imunidade inata.

O nível de imunidade inata/resistência dos LSPs à infecção por VSV foi avaliado com a escala: a falta de replicação do vírus (0–1 log TCID50/mL) indicando imunidade completa; a replicação do VSV acima de 1 log (cerca de 2–3 log) indicando deficiências e imunidade parcial; e a replicação do VSV acima de 4 log evidenciou alta deficiência na imunidade inata.

O efeito EGb em cada paciente foi calculado como uma diferença entre o nível de imunidade inata após o tratamento com EGb e antes do tratamento com EGb.

Como resultado, os autores observaram que o tratamento com EGb aumentou significativamente o nível de imunidade inata em pacientes com DA, bem como nos controles.

Efeito imunorregulador do tratamento com EGb na produção de citocinas por LSPs

À luz dos efeitos benéficos do EGb na resistência dos LSPs à infecção viral/nível de imunidade inata, os autores também investigaram o impacto do extrato na produção de citocinas, que está envolvida na resposta imune inata, onde alterações na replicação estão relacionadas com a mudanças no equilíbrio de citocinas produzidas pelos LSPs.

A infecção por VSV resultou em alta produção pelos LSPs de TNF-α, e produções menores de IL-1β e IL-15 em ambos os grupos. A infecção com VSV também revelou aumento da liberação de IFN-γ, mas apenas no grupo controle.

No caso da IL-10, a infecção pelo VSV resultou na diminuição da produção desta citocina em pacientes com DA e controles.

O extrato de Ginkgo biloba pode ser promissor para melhorar a resposta imunológica em pacientes com Alzheimer, especialmente em mulheres com DA

Como resultado, os autores observaram que o EGb conseguiu melhorar significativamente a resposta imune inata, diminuindo a replicação do VSV pelos LSPs de pacientes com DA, mas também controles.

O mais interessante, no entanto, foi que o EGb aumentou notavelmente uma resposta imune inata em mulheres com a doença de Alzheimer, e essa discrepância de sexo no efeito EGb não foi observada no grupo controle.

Como não foram observadas diferenças dos efeitos do EGb no funcionamento do sistema imunológico entre os sexos de jovens saudáveis, o extrato de Ginkgo biloba pode ser promissor para melhorar a resposta imunológica em pacientes com Alzheimer, especialmente em mulheres com DA.

Esse resultado é importante pelo fato das mulheres serem acometidas com uma maior frequência, e prevalência da manifestação clínica da doença. O sexo feminino é um fator de risco importante para o desenvolvimento de DA de início tardio, que sugere estar implicado na transição da menopausa.

Portanto, o EGb pode ter propriedades vantajosas para o manejo da saúde em idosos e portadores da doença de Alzheimer, mas especialmente em mulheres com DA.

O efeito benéfico observado do EGb na resposta imune inata/aumento da resistência pelos LSPs à infecção pelo VSV pode ser pelo menos parcialmente explicado por sua atividade antioxidante e influência diferencial na produção de citocinas.

O uso de fitoterápicos/nutracêuticos como terapia adjuvante às terapias medicamentosas clássicas é altamente recomendado em muitas doenças. No entanto, muitos mais estudos ainda são necessários para avaliar o potencial terapêutico e esclarecer o mecanismo de ação dos compostos naturais, incluindo o extrato de Ginkgo biloba.

Em suma, melhorar a atividade das células imunes inatas periféricas pela adição do extrato de Ginkgo biloba como tratamento concomitante na DA pode ser, a longo prazo, um bom caminho para modificar a progressão da doença, principalmente em mulheres.

O Centro Paulista é referência na manipulação de fórmulas, incluindo o Ginkgo biloba. Atuamos em praticamente todos os segmentos da Medicina e da Nutrição, podendo colaborar dentro de nossas especialidades e ofertando aos pacientes excelentes produtos e serviços.

Referências: 

[1] Bettcher BM, Tansey MG, Dorothée G, Heneka MT. Peripheral and central immune system crosstalk in Alzheimer disease – a research prospectus. Nat Rev Neurol. 2021 Nov;17(11):689-701. doi: 10.1038/s41582-021-00549-x. Epub 2021 Sep 14. Erratum in: Nat Rev Neurol. 2021 Oct 8;: PMID: 34522039; PMCID: PMC8439173. 

[2] Liu Y, Xin H, Zhang Y, Che F, Shen N, Cui Y. Leaves, seeds and exocarp of Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae): A Comprehensive Review of Traditional Uses, phytochemistry, pharmacology, resource utilization and toxicity. J Ethnopharmacol. 2022 Nov 15;298:115645. doi: 10.1016/j.jep.2022.115645. Epub 2022 Aug 19. PMID: 35988840. 

[3] Sochocka M, Ochnik M, Sobczyński M, Gębura K, Zambrowicz A, Naporowski P, Leszek J. Ginkgo Biloba Leaf Extract Improves an Innate Immune Response of Peripheral Blood Leukocytes of Alzheimer’s Disease Patients. Nutrients. 2022 May 11;14(10):2022. doi: 10.3390/nu14102022. PMID: 35631163; PMCID: PMC9147830.