Neuroproteção produzida pela Mucunapruriensem doenças neurodegenerativas
A planta leguminosa Mucuna pruriens (Fabaceae) é amplamente conhecida por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, analgésicas, antineoplásicas, entre outras.
As propriedades medicinais associadas à planta incluem seu uso em tratamento para artrite, distúrbios neurológicos, incluindo distúrbios parkinsonianos, e infertilidade masculina.
Propriedades da Mucuna pruriens no sistema nervoso central
O cérebro é indiscutivelmente o órgão mais importante, controlando as funções fisiológicas e cognitivas através de trilhões de conexões neuronais. Assim, manter a saúde do cérebro via modulação do estresse oxidativo e manutenção da homeostase dos neurotransmissores pode garantir o funcionamento normal das atividades corporais.
Apesar de suas óbvias vantagens como cultura, a Mucuna pruriens é mais conhecida como um importante fitoterápico, fonte natural de levodopa (L-DOPA), a qual é amplamente utilizada para o tratamento de transtornos mentais, principalmente para a Doença de Parkinson (DP).
O que é a Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva de etiologia desconhecida que se caracteriza por deficiências do movimento, equilíbrio e controle motor fino relacionadas a uma redução contínua e seletiva no número de neurônios produtores de dopamina da substância negra parte compacta, e neurodegeneração.
A progressão da DP ainda não é totalmente compreendida, mas predisposições genéticas, exposição às toxinas ambientais, dieta, hábitos e estilos de vidas não saudáveis, são os fatores responsáveis pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos.
Embora os mecanismos moleculares envolvidos na morte neuronal na Doença de Parkinson não sejam completamente conhecidos, vários eventos têm sido propostos, incluindo o estresse oxidativo, neuroinflamação, apoptose, entre outros.
A L-DOPA utilizada para o tratamento da Doença de Parkinson
A L-DOPA é o produto da oxidação da L-tirosina e é eventualmente descarboxilada em dopamina, e desta maneira, é a droga mais utilizada para a reposição deste neurotransmissor no tratamento da DP.
A L-DOPA foi isolada pela primeira vez das sementes de M pruriens em 1937, e quando o valor da L-DOPA para o tratamento da DP tornou-se conhecido, estas plantas ricas em levodopa voltaram a ser intensamente estudadas.
Potenciais alvos terapêuticos para o manejo dos sintomas da DP
Vários estudos já demonstraram que o extrato de semente de M. pruriens pode conter vários compostos que possuem atividade anti-parkinsoniana, além da L-DOPA sintética.
Estudos pré-clínicos e clínicos mostraram que a semente de M. pruriens contendo L-DOPA natural apresenta benefícios sobre a L-DOPA sintética como maior eficácia, menor efeito adverso, e um início mais rápido do que a L-DOPA/carbidopa sintética padrão no tratamento da DP. Os efeitos também indicam não haver os aumentos concomitantes das discinesias, movimentos musculares anormais e involuntários com a semente de M. pruriens. Tais resultados sugerem que esta fonte natural de L-DOPA pode possuir vantagens sobre a L-DOPA sintética convencional no manejo a longo prazo da doença de Parkinson.
Mucuna pruriens na Doença de Parkinson: estudo clínico e farmacológico
Em um estudo clínico, publicado na revista J Neurol Neurosurg Psychiatry, os autores avaliaram os efeitos clínicos e a farmacocinética da levodopa (L-DOPA) após duas doses diferentes de preparação de M. pruriens e as compararam com a L-DOPA/carbidopa (LD/CD) padrão.
Neste estudo, oito pacientes com doença de Parkinson com resposta ao tratamento com L-DOPA de curta duração e discinesias completaram um estudo randomizado e duplo-cego.
Os pacientes utilizaram doses únicas de 200/50 mg de LD/CD e 15 e 30 g de preparação de M. pruriens em ordem aleatória em intervalos semanais. A farmacocinética da L-dopa foi determinada, e a escala unificada de avaliação da Doença de Parkinson foi avaliada durante as 4 h após a ingestão da droga. As discinesias também foram avaliadas.
Comparado com LD/CD padrão, a preparação de 30 g de M. pruriens levou a um início do efeito consideravelmente mais rápido, refletido em latências mais curtas para as concentrações plasmáticas de pico de L-DOPA. Contudo, não ocorreram diferenças significativas nas discinesias ou tolerabilidade.
Se esses achados puderem ser confirmados em estudos maiores e mais longos, a M. pruriens parece ser uma alternativa comercialmente viável ao tratamento com L-dopa padrão.
Contudo, o consumo de suplementos de M pruriens precisam ser avaliados pelos médicos para que estes possam estar cientes das quantidade de levodopa e sugerir o tratamento ideal para cada paciente.
Referências:
Modi KP, Patel NM, Goyal RK (2008) Estimationof L-Dopa fromMucunapruriens L INN andformulationscontaining M. pruriensby HPTLC Method. ChemPharm Bull 56(3):357–9
Katzenschlager R, Evans A, Manson A, Patsalos PN, Ratnaraj N, Watt H, Timmermann L, Van der Giessen R, Lees AJ (2004) Mucunapruriens in Parkinson’sdisease: a doubleblind 1828 NeurochemicalResearch (2022) 47:1816–1829 1 3 clinicalandpharmacologicalstudy. J NeurolNeurosurgPsych 75(12):1672–1677
Nagashayana N, Sankarankutty P, Nampoothiri MR, Mohan PK, Mohanakumar KP (2000) Associationof L-DOPA withrecoveryfollowingAyurvedamedication in Parkinson’sdisease. J NeurolSci 176(2):124–127