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Saúde Sem Categoria

“Open Health”: uma rede de intercâmbio de cuidados de saúde que melhora a experiência do paciente

“Open Health”: uma rede de intercâmbio de cuidados de saúde que melhora a experiência do paciente

O modelo atual de saúde fragmentado, dispare e composto por diversas tecnologias não interoperáveis torna a experiência de cuidados de saúde do paciente associada a erros, duplicação, falta de coordenação, baixa adesão ao tratamento medicamentoso e outros diverosos problemas.

Debatido por mais de duas décadas, a informação como mecanismo de integração sempre foi vista como peça fundamental no complexo da assistência à saúde, mas barreiras técnicas mantiveram-na fora de alcance até recentemente.

Na medicina moderna, esses cuidados de saúde por meio da tecnologia da informação (TI) e intercâmbio eletrônico de informações sobre saúde passaram a ser o foco para o desenvolvimento de políticas capazes de produzir um ecossistema de dados de saúde totalmente integrado.

Neste sentido, vários países estão avançando para desenvolver e adotar políticas para a formação de uma grande rede, pela qual irão circular dados sobre profissionais, instituições e pacientes, por meio de tecnologias integradas e intercâmbio eletrônico de informações de saúde.

 

O que é Open Health?

“Open Health”, ou sistema de saúde aberto, é um conceito que visa o intercâmbio de informações em saúde a fim de promover mais agilidade e fluidez aos processos e à rotina de cuidados, facilitando a jornada do paciente. Neste sistema aberto, os parceiros organizacionais trocam rotineiramente dados dos pacientes.

Atualmente, a implementação de sistemas semelhantes ao Open Health já é uma realidade em outros países, como os Estados Unidos, México, Reino Unido, Austrália, Espanha, entre outros. No entanto, essa experiência ainda acontece de forma pouco integrada no Brasil.

Cobrindo mais de 45 milhões de vidas nos EUA, grupo de médicos, hospitais e/ou outros profissionais de saúde trabalham juntos neste sistema de “open health” para melhorar a qualidade e a experiência dos cuidados do paciente.

Essa coordenação é facilitada pelo uso eficaz da tecnologia da informação em saúde, em particular, a troca de informações entre provedores do segmento de saúde, como operadoras, corretoras, hospitais, consultórios e governo, que compartilham as informações com seus pacientes.

 

Fundamentos do intercâmbio de informações de saúde

Para melhorar a qualidade, segurança e eficiência da assistência médica, o intercâmbio de informações de saúde deve ser apoiado nos seguintes fundamentos:

  • Digitalização da experiência, que traz mais agilidade e fluidez aos processos e à rotina de todos os envolvidos no sistema de saúde.
  • Sistema de conexão: todo provedor médico tem algum sistema para registros de saúde. Cada vez mais, esses sistemas são eletrônicos. Desta maneira, padrões precisam ser estabelecidos para que todos sistemas de informação em saúde possam, de forma rápida e segura, comunicar e trocar dados.
  • Medidas de qualidade: cada caso e cada procedimento tem um resultado, e para medir a qualidade, médicos e provedores devem trabalhar juntos para definir padrões de referência para o que constitui atendimento de qualidade.
  • Envolvimento do paciente: a perspectiva dos pacientes deve ser utilizada na avaliação dos aspectos considerados importantes para a interoperabilidade. O paciente é o detentor das suas informações, podendo decidir com quem irá compartilhá-las e por quanto tempo as instituições, empresas ou profissionais terão acesso.

 

Benefícios da interoperabilidade para a saúde

Em um mundo que é interoperável, as informações médicas de um paciente podem ser portáteis e disponíveis para seus médicos, sempre na medida que o paciente assim o permitir ou desejar.

Para os médicos e provedores, a troca de informações sobre cuidados de saúde e interoperabilidade garantem uma visão longitudinal do prontuário médico e uma compreensão completa da saúde de seus pacientes.

Sendo responsáveis ​​pelo bem-estar destes pacientes, médicos e provedores são também responsáveis ​​por gerenciar o custo total do atendimento. E uma informação relevante é que as atividades e medicamentos prescritos fora do consultório de cuidados primários (por exemplo, consultas de emergência, internações e medicamentos especiais) podem estar entre os mais caros.

Outro exemplo em que interoperabilidade dos dados também pode beneficiar a saúde do paciente e impactar no custo do atendimento dos cuidados, é a adesão à medicação pelos pacientes a longo prazo. No sistema atual fragmentado, os médicos não se mantêm suficientemente atualizados sobre os medicamentos especiais prescritos fora de sua prática, e sem a visibilidade total dos medicamentos de seus pacientes, eles não conseguem educar ou intervir adequadamente, o que é fundamental para garantir resultados favoráveis ​​a longo prazo.

Para os médicos, um sistema de saúde com dados interoperáveis produz um aumento da visibilidade dos cuidados fora de seus consultórios, e desta maneira, eles tornam-se mais aptos no preenchimento de lacunas e na melhora do atendimento ao paciente.

Para os pacientes, estes terão melhores informações sobre seu estado de saúde, pois registros pessoais de saúde e estratégias de acesso semelhantes podem ser viáveis ​​em um mundo interoperável.

Com este sistema, os pacientes podem mover-se mais facilmente entre os médicos sem medo de que suas informações sejam perdidas, e podem beneficiar-se de menos erros por desinformação, evitando inclusive problemas relacionados às interações medicamentosas que se reduziriam com a interoperabilidade.

Assistência farmacêutica como importante ferramenta a ser integrada na rede de cuidados de saúde

A assistência farmacêutica pode ser definida como o conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico, e outros profissionais de saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto no nível individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Envolve desde a produção até a dispensação dos medicamentos. A Farmácia Clínica tem sido uma prática que tem demonstrado seu valor para os pacientes à medida que propicia e estimula o correto uso dos produtos, acompanhamento, bem como a efetiva adesão ao tratamento necessário. Caberá aos profissionais de saúde criar inúmeras formas de permitir ao profissional farmacêutico fazer-se presente nesta rede e alimentá-la com informações importantes para cada caso, deixando-as disponíveis para os médicos avaliarem o caso em concreto.

 

Impactos da troca de informações para a saúde

As tecnologias de cuidados de saúde, que utilizam as trocas de informações de saúde, podem proporcionar muitos benefícios devido à interoperabilidade.

Como exemplos, tem-se a integração da transmissão de interações de vídeo em tempo real entre médicos e pacientes, e entre os médicos; ou o monitoramento de dados de transmissão ao vivo das casas de idosos, ou enfermos, que  informará aos médicos e familiares sobre a tomada de medicamentos, deambulação, consumo e outros aspectos da autonomia da vida diária.

Em suma, o futuro da interoperabilidade no ecossistema da saúde visa unir uma ampla rede de dados críticos sobre saúde em tempo real que não só transformará os cuidados de saúde, mas facilitará a troca e o fluxo de informações entre instituições e profissionais da área da saúde.

Com o consentimento do proprietário dos dados (o paciente), essa troca de informações poderá ser acessada por qualquer profissional ou instituição da área da saúde, que compreendendo com clareza a evolução do quadro de saúde do paciente, de maneira mais contextualizada, tomará decisões seguras para que seu futuro seja mais saudável.

 

Referências:

  1. David J. Brailer Interoperability: The Key To The Future Health Care System. Health Affairs, doi: 10.1377/hlthaff.w5.19
  2.  Nwafor O, Johnson NA. The effect of participation in accountable care organization on electronic health information exchange practices in U.S. hospitals. Health Care Manage Rev. 2022 Jul-Sep 01;47(3):199-207. doi: 10.1097/HMR.0000000000000319. Epub 2021 Jul 28. PMID: 34319277.
  3.  Apathy NC, Holmgren AJ, Werner RM. Growth in health information exchange with ACO market penetration. Am J Manag Care. 2022 Jan 1;28(1):e7-e13. doi: 10.37765/ajmc.2022.88815. PMID: 35049261.
  4.  Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (2002). Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica: Proposta. Brasília: OPAS. Ministério da Saúde. (1998). Portaria nº 3.916 de 05 de outubro de 1998. Política Nacional de Medicamentos, Brasília. Disponível em: http://www.saude.gov.br. Acesso em 18 de abril de 2013.